Depósito Judicial: o que é e como saber se existe em seu nome

O depósito judicial é uma ferramenta usada para garantir que o dinheiro esteja reservado até que o processo seja finalizado. Neste artigo, você verá:

  • O que é depósito judicial
  • Como funciona
  • Como saber se existe em seu nome
  • Como funciona a liberação
    Quando tempo demora a liberação do depósito
  • Tipos de depósito judicial

O que é Depósito Judicial?

Depósito judicial é uma quantia em dinheiro que fica bloqueada em uma conta específica vinculada a um processo, geralmente administrada pelo banco oficial designado pelo tribunal. Ele funciona como uma garantia financeira durante uma disputa judicial: o valor fica “em custódia” da Justiça até que a causa seja decidida em definitivo.

Esse tipo de depósito pode ser feito por ordem do juiz ou voluntariamente por uma das partes, e serve para assegurar que, ao final do processo, a parte vencedora tenha como receber o que lhe é devido. 

Se a parte autora vencer a causa, o juiz poderá autorizar a liberação do valor por meio de um alvará judicial, que permite o saque. Caso a parte que depositou vença, o valor retorna para ela.

Portanto, o depósito judicial não é automaticamente transferido para nenhuma das partes: ele só pode ser movimentado com autorização expressa do juiz, após análise do andamento processual.

Depósito judicial no processo trabalhista

No processo trabalhista, ele aparece frequentemente quando a empresa deposita valores para recorrer de uma decisão, garantir o pagamento de verbas rescisórias, ou cumprir um acordo judicial. Mas também pode acontecer em processos cíveis, tributários e previdenciários.

A diferença está no tipo de ação que originou o depósito e nas regras aplicadas para liberação.

Segundo o Art. 899 da CLT:

(…)

§ 1º Sendo a condenação de valor até 10 (dez) vêzes o salário-mínimo regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a decisão recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importância de depósito, em favor da parte vencedora, por simples despacho do juiz.

§ 2º Tratando-se de condenação de valor indeterminado, o depósito corresponderá ao que fôr arbitrado, para efeito de custas, pela Junta ou Juízo de Direito, até o limite de 10 (dez) vêzes o salário-mínimo da região.     

§ 4o O depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e corrigido com os mesmos índices da poupança. (…) 

Como funciona o depósito judicial?

O depósito judicial segue uma lógica simples: a parte devedora (geralmente a empresa) deposita o valor discutido em uma conta vinculada ao processo depois de emitir uma guia de depósito judicial, onde o dinheiro permanece protegido até que o juiz decida quem tem direito a ele.

Esse procedimento garante que, ao fim do processo, o vencedor possa receber sem depender da boa vontade ou situação financeira da outra parte.

Vamos a um exemplo prático: imagine que um trabalhador entrou com uma ação contra a empresa onde trabalhava, cobrando verbas rescisórias que não foram pagas. O juiz julga o caso e condena a empresa a pagar R$ X ao trabalhador. Para recorrer dessa decisão à instância superior, a empresa é obrigada a realizar um depósito recursal, ou seja, ela deposita esse valor em uma conta judicial vinculada ao processo.

Esse dinheiro fica sob custódia do Judiciário até que o processo termine definitivamente.

Se, ao final, o trabalhador sair vitorioso, o valor será liberado para ele, corrigido monetariamente. 

Mas se a empresa vencer o recurso, poderá sacar o valor de volta. Esse mecanismo evita que o trabalhador fique sem receber caso a empresa não tenha recursos no futuro.

Como saber se existe um depósito judicial no seu nome?

1. Em bancos:

  • Acesse o site do banco (Banco do Brasil ou Caixa);
  • No BB, por exemplo, procure por Judiciário> Depósito Judicial > Comprovante de Resgate;
  • Preencha com seu CPF e, se possível, dados do processo.

Se houver valor em seu nome, o sistema pode emitir um comprovante. Caso tenha dúvidas, compareça a uma agência com documento de identidade e peça atendimento no setor de depósitos judiciais ou peça para ajuda para seu advogado e verifique se pode entrar em contato com o gerente da conta judicial.

2. No processo judicial:

Você pode consultar se há depósito judicial em seu nome por meio do seu advogado. Mas também é possível consultar gratuitamente em sites de tribunais ou comparecer ao balcão de atendimento da vara onde tramitou a ação. Portanto, você pode:

  • Consultar o andamento no site do Tribunal onde correu o processo;
  • Buscar pelo número do processo (você encontra no recibo da ação ou com seu advogado);
  • Ver se há movimentações como “depósito judicial efetuado”, “alvará expedido” ou “guia de levantamento”.

Depósito Judicial é comum em qual situação?

Existem algumas situações em que o depósito judicial é mais comum, entre elas, estão incluídas:

  • Recurso contra uma decisão judicial: em muitas ações, especialmente nas esferas trabalhista e tributária, a parte que deseja recorrer precisa realizar um depósito (conhecido como depósito recursal) para demonstrar boa-fé e garantir o eventual cumprimento da sentença, caso perca o recurso.
  • Acordos homologados pelo juiz: quando as partes chegam a um acordo dentro do processo e ele é homologado pelo juiz, é comum que uma das partes (geralmente o devedor) deposite o valor pactuado em juízo para formalizar o cumprimento do combinado.
  • Determinação judicial para garantir o pagamento: o juiz pode exigir que uma das partes faça um depósito como forma de garantir o cumprimento de uma possível condenação futura, ou para evitar medidas mais gravosas, como penhora de bens ou bloqueio de contas.
  • Execuções e cobranças judiciais: em processos em fase de execução (ou cobrança), o depósito judicial pode ser utilizado para suspender atos como penhora ou leilão de bens, enquanto se discute a validade da dívida.

Lembrando que estes são exemplos e cada caso pode variar.

Como funciona a liberação do depósito judicial?

Normalmente:

  1. O juiz analisa se o processo terminou e se não há mais recursos pendentes;
  2. Expede um alvará de levantamento (documento oficial de liberação);
  3. O alvará é enviado ao banco responsável (via sistema ou entregue pelo advogado);
  4. O dinheiro é liberado para o beneficiário, por transferência bancária ou saque.

Se houver erro no nome, CPF ou conta bancária, o banco pode recusar a liberação. Nesses casos, você pode solicitar ao seu advogado que entre em contato com o juízo ou cartório judicial a depender de cada caso.

Quanto tempo demora para liberar depósito judicial?

O prazo pode variar. Após a decisão final do processo, a liberação do valor costuma levar entre 5 e 10 dias úteis.

Isso acontece porque o procedimento envolve algumas etapas: o juiz precisa assinar o alvará, o cartório deve processar o documento, e o banco precisa receber e executar a ordem de pagamento.

Com a adoção do alvará eletrônico por muitos tribunais, esse processo tem se tornado mais ágil, já que o valor pode ser transferido diretamente para a conta do beneficiário.

No caso de processos trabalhistas, no entanto, o dinheiro nem sempre está disponível nesse prazo. Se a empresa condenada não tiver feito o depósito voluntariamente ou não houver valores bloqueados, a Justiça do Trabalho pode precisar recorrer a medidas como o Sisbajud (bloqueio de contas bancárias), penhora de bens ou até leilões para garantir o pagamento.

Nessas situações, o processo pode se estender por mais tempo, até que os valores sejam localizados e, só então, o juiz possa autorizar a liberação para o trabalhador.

O prazo também depende da agilidade do advogado em solicitar o alvará e do banco em processar a liberação. Feriados, recessos e erros cadastrais podem atrasar o pagamento.

Disclaimer: Este conteúdo tem caráter informativo e pode sofrer alterações. Para decisões seguras, recomendamos sempre a orientação de um profissional especializado.